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terça-feira, 6 de agosto de 2013

A SEXUALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS - Por Nicéas Romeo Zanchett


A SEXUALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS 
 Por 
Nicéas Romeo Zanchett 
                 A tendência natural de toda a criança é seguir o exemplo dos pais. A sexualidade precoce delas é apenas uma consequência do desmoronamento de referências culturais que marcaram as últimas décadas. A sociedade perdeu as tradições e rituais de passagem da infância para a adolescência e, depois, para a idade adulta. 
                  Há apenas algumas décadas, as crianças tinham uma ligação maior com os pais. Eles eram o modelo de vida a ser seguido. Os pais ensinavam os comportamentos adequados e até trabalhar, mas hoje eles estão perdidos no que deve ou não proibir. Além disso, a criança contemporânea tem uma quantidade enorme de informações; a internet é o veículo preferido para a educação e infelizmente os pais já não tem mais controle e isso é muito preocupante. Como serão as crianças que hoje estamos tentando educar?  
                   A cada dia que passa as crianças mais se afastam das antigas brincadeiras, tipicamente apropriadas para sua idade; brincava-se de cantigas de roda, de cabo de guerra, de jogar vôlei, queimada, espiribol,  futebol e muitas outros saudáveis e instrutivos esportes.  
Jogo de Espiribol
                   Mesmo para jogar futebol, que é a paixão dos brasileiros, está difícil, pois implica em ter um campo apropriado, um time adversário e muitas regras; e isto já não funciona, porque as referências culturais acabaram. É assim que meninas e meninos, na faixa de 10 a 12 anos de idade, deixam de pensar em esportes para pensar só em sexo. Crianças nessa faixa etária, naturalmente, não tem maturidade biológica para a prática, mas vivem ansiosos para realizar a primeira experiência sexual. É bem verdade que não há uma idade oficialmente adequada para a iniciação sexual, mas a relação exige uma responsabilidade consigo mesmo e com o outro, que, evidentemente, só é alcançada com a maturidade emocional.
                     O estímulo externo à sexualidade, leva a criança a viver situações que ainda não tem condições emocionais para enfrentar.  Um menino de 11 ou 12 anos está em estado de transição, os hormônios estão em ebulição; já pode ter ereção e até ejaculação, que é muito comum acontecer durante o sono. Os meninos, por natureza, são mais fechados do que as meninas. Por uma questão cultural, eles tem menos espaço para trazer suas dúvidas. Geralmente sentem-se envergonhados por não saber. Seja por vergonha ou medo, eles tem menos oportunidade de falar do que as meninas, que são preparadas, por exemplo, para a menstruação. A angústia deles é muito preocupante. Porque, ao invés de brincar, deram este salto para a sexualidade genital, que não podem realizar. Desejam algo que o corpo ainda é incapaz de satisfazer. 
                    Esses conflitos vão se manifestar em dificuldades escolares, problemas de conduta ou depressão. Na vida adulta, estas crianças viverão o sexo não como algo natural, mas invasivo, vindo de fora. Poderão enfrentar problemas com a sua sexualidade, como a banalização, o uso do sexo para obter domínio ou poder social sobre o outro, além das dificuldades orgásticas. 
                    É muito comum vermos jovens cultuando ostensivamente sua virilidade, vivendo apenas atrás de um pênis  ou de um corpo malhado;  outros, mais tímidos, podem se assustar com essa invasão de sua vida sexual. Estes últimos são garotos que vivem num enclausuramento emocional e físico,  assustados com esta cisão que está acontecendo entre o afeto e a sexualidade. Isto é muito preocupante, porque se está criando uma geração de homens frágeis, deprimidos e melancólicos, que não cumpriram as etapas do seu desenvolvimento. A pressão exercida sobre o menino que tem que provar sua identidade sexual indica privação afetiva. Precisa permanentemente satisfazer as expectativas alheias para sentir-se aceito no grupo e poder garantir um mínimo de auto-estima. No futuro, seu prazer sexual pode ficar comprometido em função de uma atuação onde estará constantemente exibindo-se para os demais. 
                       A educação sexual está incluída  nas disciplinas de ciência e biologia, mas de forma bem resumida e genérica. Não entra nas questões que realmente interessam, principalmente,  aos adolescentes. 
                      É muito natural que os adolescente namorem, mas há uma diferença  entre uma demonstração de afeto e gestos que fogem ao mínimo de convivência social. 
                     Pais e professores  usam a imaginação para enfrentar este descompasso entre os estímulos precoces da sexualidade e a sua maturação biológica ainda prematura para satisfazer aos apelos da prática sexual. 
                     A sexualização precoce leva a uma aceleração da maturidade biológica. Já não é novidade se encontrar meninas menstruando aos 10 anos de idade. Estudos indicam que há um aumento considerável de meninas que menstruam nesta idade. E esta aceleração da maturação biológica  pode também estar ocorrendo com os meninos. 
                    Com o advento da internet, o dialogo dos pais e professores com o adolescente, que já era difícil, se tornou quase impossível. Mas é importante que os pais e professores evitem esse padrão de erotização precoce imposto pela cultura, procurando estar bem informado e atento às perguntas e atitudes das crianças; não devem se omitir à discussão de qualquer assunto sexual. Essa é a melhor forma de evitar que seu filho aprenda errado na rua. O melhor caminho para evitar conflitos da criança diante da sexualização precoce é a atenção e conversa franca. Se a criança tiver este afeto, viverá estes momentos com a ansiedade natural da idade. Sem vínculo e cumplicidade, principalmente com os pais, a sexualidade se tornará um transtorno e acarretará  problemas futuros. 
                    A educação sexual é pelêmica nessa idade. Muitos psicanalistas dizem que, ao invés de orientar, as informações sobre sexo podem invadir a privacidade da criança e provocar efeitos nocivos, como a angústia, o medo de castigos por suas fantasias sexuais e até a negação da própria sexualidade.  
                     Se a criança está fixada em sexo, os pais devem procurar ajuda  de um terapeuta para tentar devolvê-la aos prazeres naturais da infância. Um dos melhores caminhos é, sem dúvida, o incentivo a jogos e brincadeiras. É através do brincar que a criança aprende a se conhecer e a lidar com regras e referências para o convívio social na idade adulta. Nesse aspecto, é importante estimular o convívio com crianças da mesma idade. 
                      Até por imaturidade biológica, começar a vida sexual muito cedo é totalmente desaconselhável, mesmo para os meninos. Mas nada impede que a criança comece a investigar sua própria sexualidade com naturalidade. 
                     O dialogo aberto e franco com os pais é o melhor caminho para que a criança  comece a lidar com a sexualidade. Quando esse dialogo é difícil, ela atravessará esta fase com muita ansiedade e desamparo. Hoje, com tantas doenças sexualmente transmissíveis rondando as crianças, o mínimo que podemos fazer é orientá-las sobre sexo seguro. 
Nicéas Romeo Zanchett 
http://educopedialiteratura.blogspot.com.br 
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