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terça-feira, 20 de agosto de 2013

> BOCAGE E SUA POESIA PORNÔ - Por Nicéas Romeo Zanchett


BOCAGE E SUA POESIA PORNÔ 
Por Nicéas Romeo Zanchett 
                   Manuel Maria de Barbosa du Bocage, nasceu em lar português organizado e próspero em 15 de setembro de 1765, em Setúbal. Seu pai, José Luiz Soares Barbosa, bacharel em Cânones, que trocara a magistratura pela advocacia, e cujo exercício sabia humanizar com espirituosas poesias satíricas e já com tendências pré-românticas. Sua mãe, D.Maria Joaquina Xavier du Bocage, era filha do francês Gillet Le Dous (ou Hedois) du Bocage, que atingiu na Marinha portuguesa o posto de vice-almirante e que com certeza legou ao neto o gosto pelos "vastos mares". 
                    A lado do seu irmão Gil e de suas quatro irmãs, Bocage teve uma educação esmeradíssima. Ainda criança, já dominava o latim, o francês, o italiano e o espanhol. Aos oito anos, assistindo o pai,em Lisboa, na procissão de cinzas, aí realizou sua primeira sátira: 
"Fui ver a procissão de São Francisco, 
A que o vulgo chama de cidade. 
E suposto o apertão foi raridade
Que, indo em carne, não visse em cisco."
                    Depois da morte da mãe, quando ele tinha dez anos, sua vida sofria a primeira mudança. Com essa perda se desfaz a atmosfera que lhe propiciava os estudos, e muito cedo, aos 14 anos, sem maiores explicações à família, ele assenta praça no regimento da Infantaria, aquartelando-se em Setúbal. O pai, com certeza desejando-lhe melhor futuro, se curva ante a sua decisão e, quatro anos depois, não se sabe se por causa de sua impulsividade ou pela iniciativa do pai, o jovem Manuel transfere-se para Lisboa, onde passa a frequentar a real Academia de Marinha. 
                    Seria ideal, segundo os desejos dos familiares, ele dar continuidade à tradição do avô francês. Como marinheiro, satisfaria ele ao mesmo tempo os desejos e tradições da família e as tendências do temperamento irrequieto. 
                    Provando os prazeres da capital, o jovem se entrega ás dissipações boêmias, nas reuniões nos cafés de Lisboa. 
                    Em pouco tempo admite ser um amante da vida caserna e em 1784, por suas faltas cada vez mais constantes, é dado como desertor. E, longe da rígida disciplina da academia, dá asas à imaginação e começa  provocar, apesar da pouca idade (19 anos), a estima e admiração por parte da intelectualidade boêmia de Lisboa. 
                     Até sua partida para a Índia, ele teria muito tempo para praticar a sua mordacidade, encolerizando os frades, que só amava naos altares, nas competições dos pátios dos conventos, onde enfeitiçava freiras com suas graças de improvisador de versos e suas práticas morais e imorais de "devoto" de muitas moças num só momento. 
                    O ambiente em que Bocage vivia era, oportunamente, propício a este viver ao acaso. Não haveria na Europa lugar mais alheio a preocupações maiores, como muito bem podia se saber pela literatura das disputas literárias a que os artistas se entregavam, tanto como as observações que liam nas gazetas a respeito da sociedade daquele tempo. 
                    Moço feito, Bocage era magro, moreno, macilento e de aspecto sombrio, porém mais para boa-pinta do que para feio. O apuro dos modos demonstrava a sua origem nobre, reafirmada pelas armas e pela toga. Sua testa era ampla, a boca rasgada, os lábios finos e olhos azuis brilhantes e vivos; e a cabeleira, eternamente revolta, acentuava-lhe o ar de inegável boêmio que era.  Ele próprio, sobre sua aparência, escreveu: 
"Magro, de olhos azuis, carão moreno, 
Bem servido de pés, meão de altura, 
Triste de facha, o mesmo de figura, 
Nariz alto no meio e não pequeno, 
Incapaz de assistir num só terreno; 
Mais propenso ao furor do que a ternura; 
Bebendo em níveas mãos por taça escura
De zelos infernais letal veneno; 
Devoto incensador de moças mil num só momento,
E somente no altar amando os frades; 
Eis Bocage, em quem luz algum talento; 
Saíram dele mesmo estas verdade,  
Num dia em que se achou mais pachorrento. 
                    Com a leitura deste auto-retrato, dá para perceber que Bocage não se ligava muito em sua aparência física. O talento, entretanto, era motivo de seu orgulho. 
                    Por se preocupar tão somente com "coisas do espírito", ele aceitou jantares, hospedagem de favor, proteções de ocasião, e já nesta envolvia-se em aventuras sedutoras e eróticas que são por ele contadas em bom português:
"Num capote embrulhado, ao pé de Armia, 
Que tinha perto a mãe o chá fazendo, 
Na linda mão lhe foi (Oh céus!) metendo
O meu caralho, que de amor fervia...
                   Nos últimos versos do soneto, o vate e a donzela foram apanhados em flagrante pela mãe da moça, que não hesitou em distribuir bofetadas na filha e no poeta. 
                   Mais feliz nos botequins, entre a arcádia e o clube revolucionário, ele vivia a decantar suas musas. 
                   Exitado pelo álcool e o tabaco, que consumia em doses industriais, divertia-se com seus improvisos. Dois botequins eram os preferidos de (Elmano Sadino) seu pseudônimo, e de seus amigos de beberragens: um era o Botequim do Nicola e o outro o Botequim das Parras, também chamado Arcádia das Parras, porque a sala principal era pintada de ramos de videira, de onde pendiam cachos. Ambos os botequins localizados no lado ocidental do Rossio, área conhecida na época como Agulheiro dos Sábios. E lá ficavam os intelectuais boêmios e toda uma cambada de desocupados, bebericando, recitando versos, ouvindo e discutindo as mais palpitantes novidades que iam pelo mundo. Madrugadas e madrugadas eram dissipadas pela malta que abitava aquelas tabernas. Sempre, entretanto, para o desassossego daqueles jovens baderneiros, surgia a figura do Intendente de Polícia Diogo Inácio de Pina Manique. Enérgico e incansável, ele se perdia na loucura de disciplinar tal plêiade. Mas Pina Manique, em sua própria ineficiência, era o estímulo principal para o frenesi dos jovens boêmios. 
                     Em 1786, Bocage obtém, por mercê régia, a nomeação de guarda-marinha, que não tinha alcançado por direito de escolaridade regularmente cumprida. Em abril do mesmo ano, parte em viagem com destino à Índia na nau Nossa Senhora da Vida, Santo Antônio e Maria Madalena. Vinha com uma escala pelo Rio de Janeiro, para buscar o governador da Capitania de São Paulo, Francisco da Cunha meneses, nomeado a partir daquele ano governador e capitão general da Índia. 
                     Deixando em Portugal a mulher amada, a sua Gertrúria, ele lamenta em versos a sua ausência, a falta que ela lhe faz. As atrações da viagem, entretanto, amenizam-lhe as dores do coração e finalmente ele chega ao Rio de Janeiro, onde foi muito bem recebido pelo governador Luis de Vasconcelos, protetor das artes e das letras. Por aqui o poeta se deslumbra com os olhos negros e as formas voluptuosas das cariocas e não se furta a entregar-se ás mais libidinosas aventuras, que talvez lhe tenham inspirado esse quarteto: 
" Quantas pediram, mas em vão, piedade
Encavadas por mim balbuciantes!
Ficando os seios alvejantes
Que hemorroidas não fiz nesta cidade!"
                    E do Brasil ele foi para Goa, na companhia de Cunha e Meneses, que não ficou insensível à simpatia e ao talento que o poeta irradiava. 
                    Sua chegada a Goa não foi das melhores. Seu temperamento extrovertido, habituado a vibrar em companhia, em resposta aos aplausos de admiração dos patrícios, o fez fica chocado com a indiferença dos orientais. Daí Bocage passou a exprimir a sua infinita tristeza e solidão, por estar num mundo completamente alheio ao seu: 
"Aqui vai sempre a mais minha amargura,
Aqui, pela saudade envenenado, 
Como espectro acompanho a noite escura. 
Aqui ninguém me entende,(hó! negro fado!?)
Nem deuses, nem mortais, ninguém me entende, 
Tão molesto se faz o desgraçado." 
                   Bocage foi um poeta de satíricas piadas de baixíssimo calão. Com sua forma peculiar de expressão, despia o manto do academicismo e, como seu inspirador, o nunca assaz louvado Camões, entregava-se à maior libertinagem. 
                   Os literatos portugueses do século XVII, travestidos em pastores, seguindo á risca o modismo arcaico, exaltavam insuportáveis sonetos, naufragando seu pequeno país em um oceano de má versalhada. 
                   Bocage, o poeta pornô foi, acima de tudo, um rebelde inovador e crítico do seu tempo. 
Nicéas Romeo Zanchett 


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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A INFIDELIDADE TEM ORIGEM ANCESTRAL


A INFIDELIDADE TEM ORIGEM ANCESTRAL 
Por Nicéas Romeo Zanchett 
                 A princípio a sexualidade humana foi selvagem. Milhões de anos se passaram desde então, mas a ciência não para de trazer à tona indícios de que o comportamento sexual humano, tal qual se conhece hoje, segue fundamentalmente os mesmos mecanismos  psicológicos ancestrais. Mas agora há uma nova revolução em curso na ciência. Ela prega que, se estamos aqui, é porque cada um de nós é fruto de uma sequência ininterrupta, que já dura milhões de anos, de relacionamentos bem-sucedidos entre homens e mulheres. 
                 O naturalista Charles Darwin, em sua "A Origem das Espécies", afirmou que a sobrevivência pertence aos mais aptos, e que é para sobreviver no seu habitat que as espécies mudam e se adaptam. Visto apenas sob esse prisma, o cérebro humano seria uma máquina de resolver problemas ligados à sobrevivência, e o sexo  não passaria de uma decorrência dessa necessidade. 
                   Até há pouco tempo se entendia que o cérebro humano teria se desenvolvido extraordinariamente para adaptar-se ao seu habitat. Mas estas habilidades humanas  perduram e ficam cada vez mais elaboradas, e isto acontece porque elas tem alguma função biológica direta. Homens e mulheres são guiados, em grande parte, pelos aspectos biológicos. O cérebro está sempre criando novas táticas de conquista e seleção sexual, ou seja, somos assim para poder melhor nos acasalarmos. Seria uma forma de busca inteligente para combinarmos nossos genes com o que de melhor existir. Para as mulheres, mais do que para os homens, significa também que é preciso  achar um modo para garantir a sobrevivência da prole. Para ambos, esses impulsos mesclam biologia, comportamentos e sentimentos num tal grau  que é quase impossível distinguir onde um termina e outro começa.
                   A herança evolutiva explica, entre outras coisas, por que sexo e status sempre estiveram intimamente ligados. No tempo das cavernas, os protótipos daquilo que os biólogos chamam de "macho alfa" e "fêmea alfa" eram aqueles que tinham maiores poderes de domínio entre os demais de sua espécie. Homem alto, forte, caçador habilidoso e dominador. Em matéria de sexo ele só queria engravidar o maior numero possível de fêmeas. Ela era aquela mulher jovem, saudável e com potencial  para gerar muitos filhos. Seu objetivo, mesmo inconscientemente, era engravidar de um macho capaz de lhe dar a prole mais apta a sobreviver e encontrar um provedor que lhe ajudasse a alimentar e proteger os filhos. Portanto,  a meta da evolução, então, não era outra que não a procriação. E, se procriar era o abjetivo, é de se supor que desenvolveram estratégias para transmitir seus genes. 
                   O homem da idade da pedra também era insaciável. Há evidências arqueológicas indicando que era comum ele ter mais de dez mulheres, uma espécie de harém cujo palácio era a caverna da família.
                    Para os cientistas, o fato dos homens serem 15% maiores que a mulheres é um indicativo que havia muita competição violenta entre os machos ancestrais  pela disputa das fêmeas. É talvez aí que se encontra o início da infidelidade feminina. Enquanto os vencedores  conseguiam propagar seus genes á vontade, aos perdedores restava se aproveitar dos vacilos  dos rivais - quando estes estavam fora, em uma longa caçada, por exemplo - pra ter acesso às mulheres. Trata-se portanto da esperteza com o uso do cérebro para seduzir. Isso explica porque não apenas os homens mais fortes e  grotescos, mas também os mais espertos e inteligentes conseguiram propagar seus genes. Uma estrategia utilizada pelos machos inteligentes era o de ser amigo dos machos alfa. Assim eles podiam estar sempre próximos às mulheres para também propagar seus genes na ausência do "amigo". Esta tática ainda continua sendo usada em nossos dias: se o indivíduo não é o líder do "pedaço", pode tirar proveito da amizade com o maioral. 
                    Não há como negar que todos nós pensamos muito em sexo. E o nosso cérebro é, na verdade, um aparelho que sabe nos orientar como cortejar o sexo oposto. Assim como o pavão exibe sua beleza, o cervo exibe seus chifres, o homem moderno tem como principal ornamento seu cérebro. Tanto o pavão como o cervo podem se exibir e partir para o ataque. O mesmo não acontece com o homem. Ele precisa usar seu cérebro para se fazer atraente tanto quanto a parceira pretendida, para que esta concorde com seus objetivos. Os requisitos são extensos: charme, percepção, assunto, senso de humor, bons modos, educação refinada. A boa aparência ajuda muito, mas não é decisiva. De nada adianta um homem ser lindo, se nada de interior tiver para oferecer. Homens e mulheres são guiados, em grande parte, pelos apelos biológicos, mas a evolução colocou na espécie a inteligência como fator importante para os chamados genéticos que, desde tempos ancestrais, vem se misturando e hoje convencionamos chamar de cultura. 
                   A educação, a cultura e a vida em sociedade já conseguiram igualar a maioria das habilidades entre os sexos, mas certas diferenças continuam marcantes. Qualquer casal já passou por alguma discussão acirrada e ficou remoendo como o parceiro o magoou. Mas, passado algum tempo, o homem é capaz de jurar que nem mais lembra do episódio. Já a mulher tende a guardar mais as mágoas.  Vários estudos indicam que nenhum dos dois está mentindo. É que a quantidade de circuitos cerebrais usados pelos dois é muito diferente. A mulher que passa por uma emoção dessa ativa muito mais circuítos cerebrais do que o homem e por isso tende a manter a memória mais ativa. 
                  Na maioria das espécies, o desejo sexual é uma estratégia para propagar os genes. Entre homens e mulheres o desejo sexual é, hoje, uma estratégia para obter prazer sexual.  O prazer é tão decisivo para a espécie humana que se credita a ele o fato de os homens terem desenvolvido varias formas para a troca de prazeres. As mulheres parecem ter, desde sempre, apreciado o estímulo tátil que o homem, com mais habilidades, é capaz de lhe proporcionar maior prazer, além de cativar suas emoções mais profundas. Ao longo do tempo, os homens foram se adaptando às exigências da mulher - porque elas precisam ser mais seletivas - e acabaram adquirindo  a aparência que têm hoje. Alguns estudos indicam que é a implacável seleção sexual exercida pelas mulheres que tem proporcionado homens mais bonitos e com aparência mais saudável. Segundo esses mesmos estudos, os homens saudáveis costumam ter sêmen mais saudável e que a forma externa é demonstrada pela beleza estética natural; a artificial que seria uma forma de falsificação da realidade. 
                    É, no entanto, natural que os ecos do passado primitivo ainda se imponham. Foi uma trajetória longa. Tão longa que poderíamos dizer que a civilização representa apenas  1%   de sua trajetória e que nos outros 99% estivemos à mercê dos instintos. 
                     A mulher moderna tem sofrido expectativas e frustrações amorosas porque a competição está muito acirrada.  A raiz do problema está na escassez de machos alfa e muitas mulheres  tendem a ver suas iguais como inimigas. Elas não aceitam as infidelidades sexuais do parceiro, mas o que elas realmente temem é a traição emocional. Essa é que pode lhe roubar o provedor e jogá-lo nos braços de outra. 
                     Atualmente, em sua busca ancestral pelo melhor material genético, levadas pelos desejo, as mulheres não raro pulam a cerca de fato. A vida social de nossos dias tem facilitado às mulheres "pular a cerca" sem dar na vista. Nos Estados Unidos foram feitos estudos que indicaram ser de 10% , em média, o número das crianças que não são filhos biológicos dos maridos de suas mães, e sim frutos de escapadas conjugais.  A voracidade sexual masculina é reflexo da velha meta biológica de fecundar o maior numero possível de parceiras. Embora sejam evasivas em pesquisas, as estatísticas  sugerem que os homens tem pelo menos três vezes mais  relações fortuitas que e as suas mulheres - o tal sexo casual.  Já as chamadas "garotas liberais", podem até existir em maior numero do que antigamente, mas ainda são uma exceção à regra. As mulheres que praticam sexo casual sempre foram minoria e, mesmo com a liberação feminina, continuam a ser um fenômeno restrito aos grandes centros urbanos, ondem podem ter relações anônimas sem ferir sua reputação. 
                     Entre os homens, os amigos  também podem ser rivais traiçoeiros. Os companheiros mais íntimos de um homem  são aqueles que têm mais condições de vir a traí-lo - sob o manto da fraternidade, podem acalentar desejos inconfessáveis pela namorada alheia e, com sorte, até concretizá-los. 
                     A evolução  forneceu aos machos humanos uma característica  psicológica que as mulheres detestam: num momento eles são capazes de se apaixonar perdidamente e fazer as maiores juras de amor  e  logo em seguida se desinteressarem da parceira. 
                      A psicologia evolutiva mostra que o modo de pensar do homem moderno muda radicalmente quando ele está à procura de uma parceira fixa. Quando isso acontece, ele se revela tão seletivo quanto qualquer mulher. Para ele trata-se de um alto investimento parental, uma futura prole. Abdicam da estratégia de propagar seus genes com o maior numero de fêmeas possível e passam a apostar  tudo numa eleita. Nessa hora ele pode até enumerar inteligência, simpatia e companheirismo como atributos desejáveis numa mulher. Mas a herança ancestral faz com que procurem, acima de tudo, outras qualidades como saúde, beleza e juventude.                                             Há mulheres e homens com sentimentos intensos e passionais. É verdade que não escolheram ser desse jeito, mas não conseguem evitá-lo. São pessoas que se apaixonam muitas vezes e quando isso acontece se esquecem do resto do mundo e mergulham no seu mais novo afeto. Depois de um certo tempo (que é variável), a paixão cede e muitas vezes vem o sentimento de culpa e arrependimento por ter traído. Ai voltam arrependidos e cheios de amor pela parceira ou parceiro fixo. São pessoas cuja paixão se fortalece na ameaça e no risco de destruição. Ainda assim não tardarão a repetir tudo o que aconteceu.                       
                      Todos os indivíduos, homens e mulheres, são potencialmente  infiéis; somente quando amam de verdade conseguem, sem esforço, renunciar às experiências extraconjugais. Os motivos da fidelidade variam. Covardia, medo de perder e ser amado. Outros resistem às tentações, para não ferir o parceiro. Alguns são fiéis somente para não atravessar o conflito de amar duas pessoas simultaneamente. Até os radicalmente fiéis admitem que às vezes sentem desejos  de viver novas experiências, o que não significa que o façam. 
Nicéas Romeo Zanchett
htp://gotasdeculturauniversal.blogspot.com.br  

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terça-feira, 6 de agosto de 2013

A SEXUALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS - Por Nicéas Romeo Zanchett


A SEXUALIZAÇÃO DAS CRIANÇAS 
 Por 
Nicéas Romeo Zanchett 
                 A tendência natural de toda a criança é seguir o exemplo dos pais. A sexualidade precoce delas é apenas uma consequência do desmoronamento de referências culturais que marcaram as últimas décadas. A sociedade perdeu as tradições e rituais de passagem da infância para a adolescência e, depois, para a idade adulta. 
                  Há apenas algumas décadas, as crianças tinham uma ligação maior com os pais. Eles eram o modelo de vida a ser seguido. Os pais ensinavam os comportamentos adequados e até trabalhar, mas hoje eles estão perdidos no que deve ou não proibir. Além disso, a criança contemporânea tem uma quantidade enorme de informações; a internet é o veículo preferido para a educação e infelizmente os pais já não tem mais controle e isso é muito preocupante. Como serão as crianças que hoje estamos tentando educar?  
                   A cada dia que passa as crianças mais se afastam das antigas brincadeiras, tipicamente apropriadas para sua idade; brincava-se de cantigas de roda, de cabo de guerra, de jogar vôlei, queimada, espiribol,  futebol e muitas outros saudáveis e instrutivos esportes.  
Jogo de Espiribol
                   Mesmo para jogar futebol, que é a paixão dos brasileiros, está difícil, pois implica em ter um campo apropriado, um time adversário e muitas regras; e isto já não funciona, porque as referências culturais acabaram. É assim que meninas e meninos, na faixa de 10 a 12 anos de idade, deixam de pensar em esportes para pensar só em sexo. Crianças nessa faixa etária, naturalmente, não tem maturidade biológica para a prática, mas vivem ansiosos para realizar a primeira experiência sexual. É bem verdade que não há uma idade oficialmente adequada para a iniciação sexual, mas a relação exige uma responsabilidade consigo mesmo e com o outro, que, evidentemente, só é alcançada com a maturidade emocional.
                     O estímulo externo à sexualidade, leva a criança a viver situações que ainda não tem condições emocionais para enfrentar.  Um menino de 11 ou 12 anos está em estado de transição, os hormônios estão em ebulição; já pode ter ereção e até ejaculação, que é muito comum acontecer durante o sono. Os meninos, por natureza, são mais fechados do que as meninas. Por uma questão cultural, eles tem menos espaço para trazer suas dúvidas. Geralmente sentem-se envergonhados por não saber. Seja por vergonha ou medo, eles tem menos oportunidade de falar do que as meninas, que são preparadas, por exemplo, para a menstruação. A angústia deles é muito preocupante. Porque, ao invés de brincar, deram este salto para a sexualidade genital, que não podem realizar. Desejam algo que o corpo ainda é incapaz de satisfazer. 
                    Esses conflitos vão se manifestar em dificuldades escolares, problemas de conduta ou depressão. Na vida adulta, estas crianças viverão o sexo não como algo natural, mas invasivo, vindo de fora. Poderão enfrentar problemas com a sua sexualidade, como a banalização, o uso do sexo para obter domínio ou poder social sobre o outro, além das dificuldades orgásticas. 
                    É muito comum vermos jovens cultuando ostensivamente sua virilidade, vivendo apenas atrás de um pênis  ou de um corpo malhado;  outros, mais tímidos, podem se assustar com essa invasão de sua vida sexual. Estes últimos são garotos que vivem num enclausuramento emocional e físico,  assustados com esta cisão que está acontecendo entre o afeto e a sexualidade. Isto é muito preocupante, porque se está criando uma geração de homens frágeis, deprimidos e melancólicos, que não cumpriram as etapas do seu desenvolvimento. A pressão exercida sobre o menino que tem que provar sua identidade sexual indica privação afetiva. Precisa permanentemente satisfazer as expectativas alheias para sentir-se aceito no grupo e poder garantir um mínimo de auto-estima. No futuro, seu prazer sexual pode ficar comprometido em função de uma atuação onde estará constantemente exibindo-se para os demais. 
                       A educação sexual está incluída  nas disciplinas de ciência e biologia, mas de forma bem resumida e genérica. Não entra nas questões que realmente interessam, principalmente,  aos adolescentes. 
                      É muito natural que os adolescente namorem, mas há uma diferença  entre uma demonstração de afeto e gestos que fogem ao mínimo de convivência social. 
                     Pais e professores  usam a imaginação para enfrentar este descompasso entre os estímulos precoces da sexualidade e a sua maturação biológica ainda prematura para satisfazer aos apelos da prática sexual. 
                     A sexualização precoce leva a uma aceleração da maturidade biológica. Já não é novidade se encontrar meninas menstruando aos 10 anos de idade. Estudos indicam que há um aumento considerável de meninas que menstruam nesta idade. E esta aceleração da maturação biológica  pode também estar ocorrendo com os meninos. 
                    Com o advento da internet, o dialogo dos pais e professores com o adolescente, que já era difícil, se tornou quase impossível. Mas é importante que os pais e professores evitem esse padrão de erotização precoce imposto pela cultura, procurando estar bem informado e atento às perguntas e atitudes das crianças; não devem se omitir à discussão de qualquer assunto sexual. Essa é a melhor forma de evitar que seu filho aprenda errado na rua. O melhor caminho para evitar conflitos da criança diante da sexualização precoce é a atenção e conversa franca. Se a criança tiver este afeto, viverá estes momentos com a ansiedade natural da idade. Sem vínculo e cumplicidade, principalmente com os pais, a sexualidade se tornará um transtorno e acarretará  problemas futuros. 
                    A educação sexual é pelêmica nessa idade. Muitos psicanalistas dizem que, ao invés de orientar, as informações sobre sexo podem invadir a privacidade da criança e provocar efeitos nocivos, como a angústia, o medo de castigos por suas fantasias sexuais e até a negação da própria sexualidade.  
                     Se a criança está fixada em sexo, os pais devem procurar ajuda  de um terapeuta para tentar devolvê-la aos prazeres naturais da infância. Um dos melhores caminhos é, sem dúvida, o incentivo a jogos e brincadeiras. É através do brincar que a criança aprende a se conhecer e a lidar com regras e referências para o convívio social na idade adulta. Nesse aspecto, é importante estimular o convívio com crianças da mesma idade. 
                      Até por imaturidade biológica, começar a vida sexual muito cedo é totalmente desaconselhável, mesmo para os meninos. Mas nada impede que a criança comece a investigar sua própria sexualidade com naturalidade. 
                     O dialogo aberto e franco com os pais é o melhor caminho para que a criança  comece a lidar com a sexualidade. Quando esse dialogo é difícil, ela atravessará esta fase com muita ansiedade e desamparo. Hoje, com tantas doenças sexualmente transmissíveis rondando as crianças, o mínimo que podemos fazer é orientá-las sobre sexo seguro. 
Nicéas Romeo Zanchett 
http://educopedialiteratura.blogspot.com.br 
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