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domingo, 29 de abril de 2012

TATUAGEM - A ARTE NA PELE

                                               TATUAGEM -  A ARTE NA PELE
A tatuagem é antes de tudo uma forma de exibicionismo para o sexo oposto. 
É na natureza que podemos identificar as mais diversas formas de exibicionismo para chamar a atenção na busca de uma parceira para o acasalamento. O pavão abre sua cauda em leque multicolorido para atrair a fêmea. O Galo da Serra infla o peito e abre sua linda plumagem para impressionar sua parceira.
Os seres humanos buscam na tatuagem, além do exibicionismo, uma forma de expressão do seu interior tatuando o corpo com desenhos que traduzem sua maneira de viver e amar.
No mundo inteiro a tatuagem é bastante praticada e divulgada por pessoas famosas. 
Ela vem tomando conta da pele dos brasileiros. Musas da TV e dos palcos, médicos, advogados, jornalistas, juizes renomados, também possuem suas tatuagens. Alguns fazem questão de mostrar, outros as mantém apenas para deleite de seus parceiros íntimos.
Ao contrário do que muita gente pensa, a tatuagem não teve origem com os marinheiros dos diversos cais de portos do mundo. Arqueólogos descobriram configurações em múmias no Chile e Egito. Otomanos, mongóis e brâmanes adotavam tatuagem para designar valentia, autoridade ou submissão.  Nas minas de pólvora da China e Caiena, na Güiana Francesa, as partilhas quentes que incrustravam a pele dos mineiros representavam força de trabalho e coragem. Meninos em tribos asiáticas provocavam cicatrizes quando se tornavam caçadores e as mulheres também se tatuavam quando pariam pela primeira vez .
O significado da grafologia e simbologia usadas nos desenhos é tão extenso quanto a própria criatividade. Para o povo asteca, a borboleta significava a concretização do ser. Hoje se associa à liberdade, à natureza ou a transformação. No Oriente, um dragão ou cobra com asas representa uma imagem sagrada.  Quando Confúcio avistou Lao e Tsé, pai do taoísmo, sobre uma montanha chinesa, exclamou: "eis o Dragão, o Senhor do Conhecimento." Ja na Europa este símbolo é relacionado a um objeto fálico e narcisista.                                               
A representação das diversas pinturas varia conforme a experiência e imaginação das pessoas. Tudo é uma questão de expressão daquele momento e por isso muitos jovens se arrependem de determinado desenho quando seu conhecimento e experiência de vida evoluem. Alguns tentam apagar, outros buscam formas de mudar seu desenho, tentando adaptá-lo aos seus atuais sentimentos.
Nas academias de ginástica, nos esportes e em todas as praias da costa brasileira pode-se apreciar um verdadeiro batalhão de jovens exibindo os mais diversosmotivos pintados  em seus belos corpos bronzeados.
A irreversibilidade dos desenhos é uma questão importante que precisa estar na mente de quem vai ser tatuado. Hoje existe a tatuagem descartável criada com tintas hidrocores sobre as quais é passado um verniz que resiste a muitos banhos. É a ideal para quem quer ter sua primeira experiência com esta arte na própria pele.
Quando se fala em tatuagem a primeira pergunta que nos vem é: doi muito? A dor é o ingrediente que leva muitos jóvens a desistir dessa experiência. Muitos profissionais utilizam-se de diversos artifícios para amenizar este sofrimento. Pomadas anestésicas, música ambiente, paredes cheias de posters e até potentes refletores que visam distrair o consciente do tatuando, são utilizados
A decoração de um ateliê de tatuagem é muito especial. Alguns chegam parecer uma caverna cheia de mistérios. Entrar em um desses locais repletos de fotos, quadros e albuns é uma viagem ao imaginário. Os incriveis desenhos nas paredes fazem uma verdadeira lavagem cerebral. Os olhos passeiam pelos posters do teto ao chão, pelo corpo multicolorido do tatuador e pela luz ambiente. A cabeça começa a girar e o coração dispara. O medo vai pouco a pouco se transformando em ansiedade e curiosidade.
Um bom tatuador é antes de tudo um bom desenhista. Tatuagem não tem rascunho e um simples ponto, uma curva errada ou um pequeno deslize pode transformar um camaleão em dragão, um colibri em uma águia, um peixinho em tubarão. 
Qual é o desenho ideal?  Essa pergunta só pode ser respondida por quem vai ser tatuado. É preciso pensar muito antes de decidir para não haver precoce arrependimento. Os diversos catálogos disponíveis nos ateliês podem ajudar muito. Outra sugestão é nunca começar com uma tatuagem grande. Uma simples borboletinha pode levá-lo a sentir qual é seu verdadeiro sonho. 
Nicéas Romeo Zanchett
http://gotasdeculturauniversal.blogspot.com/


                                                                                                 



                                                                                                                                                  

terça-feira, 3 de abril de 2012

SOB O DOMÍNIO DO CIÚME














SOB O DOMÍNIO DO CIÚME
              A relação amorosa cria laços únicos, talvez os mais intensos que somos capazes de formar. Além do envolvimento sexual, há a união a cumplicidade e a entrega. Quando a traição vem romper esses laços, a raiva que sentimos é proporcional ao afeto anterior. Nós a vivemos como uma forma de intromissão em nosso próprio âmago, uma espécie de invasão da alma.
            O ciúme surge quando começamos fantasiar acerca de um terceiro elemento que, em nosso imaginário, passa a compor um triângulo amoroso conosco. O sentimento de inferioridade toma maior vulto quando passamos a atribuir-lhe qualidades que não possuímos. Por isso o rival desconhecido é mais assustador. Nunca o tendo visto e nem possuindo uma foto para melhor nortear nosso pensamento, passamos a investi-lo de tudo o que consideramos ideal. Esta é a atitude mais comum de quem está dominado pelo ciúme.
            Evidentemente, não há garantias no amor. E o ciúme é o "demônio perigoso" que solapa nossa segurança e alimenta nossos medos mais profundos e secretos. A arte de lidar com o ciúme começa com o tipo de relação que cada um tem consigo mesmo, com a capacidade de reconhecer e de lidar com aquilo que os teóricos chamam "aspecto interior infantil da personalidade".
             O triângulo amoroso, imaginário ou real, traz à tona fantasias submersas relacionadas ao Complexo de Édipo (ou Eletra). Aquela fase entre os 4 e os 7 anos, quando o desejo de tomar a mãe (ou pai) se transforma em uma obsessão. Os meninos sonham seduzir a mãe e as meninas flertam com o pai tentando vencer os encantos da mãe. Mas, destinados a perder, soterram sua raiva e sofrimento, e desistem dessa conquista impossível. Algumas mães observam com carinho as artimanhas das filhas pequenas para tomar-lhe o marido. Mas outras podem reagir com rigor, transmitindo o recado de que a insistência na rivalidade poderá levar a menina à perda de amor. E o recado fica para sempre armazenado. Com o chegada da idade adulta, qualquer rival que ameace o equilíbrio de uma relação amorosa reaviva esses sentimentos reprimidos. De repente, nossas qualidades parecem desinteressar e nos vemos tomados de insegurança, ódio e uma insuportável sensação de derrota. Sem saber que boa parte desses sentimentos provém do passado, nos surpreendemos com a violência gerada pelo ciúme.
               Perder o amor é o medo maior. Às vezes basta imaginar que o amado está interessado por alguém para que nossos dias se encham de sofrimento. E tanto mais sofremos quanto mais somos desconfiados, vendo ameaças onde não existem, povoando a vida de dúvidas. Freud descreveu o ciúme como "uma ferida narcísica" - um doloroso golpe para a autoestima.
              Os sentimentos gerados pelo ciúme são tão primitivos que muitas vezes nos arrastam a atitudes completamente fora do nosso padrão de comportamento. Numa relação amorosa revelamos nossa essência. E, embora estejamos dispostos a partilhar nossos sentimentos mais pessoais, a entrega nos torna vulneráveis. Nessas horas, por mais que sejamos seguros, temos sempre a impressão de que há algo errado conosco, e que ninguém nunca nos amará. É então que surge a raiva, como uma espécie de defesa contra a humilhação e o sofrimento causados pelo ciúme. São sentimentos perigosos, pois vem sempre junto com o desejo de vingança. A raiva funciona como um remédio contra a depressão e a autocomiseração. É preciso muito cuidado, porém, para que não nos cegue. 
               Os ciumentos mais violentos, porém, são as pessoas possessivas e inseguras. Para elas o amor sempre se transforma em armadilha, pois estão certas de que, se não "controlar" a pessoa amada, ela irá embora. Não tendo desenvolvido sua autonomia, tentam fabricar uma identidade para si através da fusão com o parceiro e entram em pânico diante da ideia de que este possa deixá-los. Em casos extremos, podem tornar-se perigosos.
              Responsável por tantos crimes, o ciúme é geralmente visto como sentimento negativo e destrutivo. As diferenças entre ciúme normal e patológico se confundem. Mas a verdade é que em sua forma normal pode até ter uma função biológica, pois, de acordo com antropólogos, se não fosse necessário para a evolução da espécie, esse sentimento já teria desaparecido.
              O ciúme de um violento pode até levá-lo a matar a pessoa amada. Atos dessa natureza estão mais próximos da loucura do que do ciúme e, felizmente, poucos são os que ultrapassam a barreia que separa a raiva, mesmo intensa, da violência. Mas todos nós conhecemos em algum momento a força do ciúme e a sua capacidade de alterar não só nossos sentimentos como também nosso comportamento. Basta o parceiro se deitar com outra pessoa - ou apenas desejar fazê-lo - para despertar em nos ímpetos assassinos.
              A mulher ciumenta se preocupa em salvar a relação, enquanto o homem fica mais enraivecido e se preocupa em proteger a autoestima. Entretanto, os dois sexos têm reações comuns. O ciúme consegue desarticular o ego adulto e fortalecer os aspectos infantis que contém. Exatamente por isso é tão temível. Têm a capacidade de transformar adultos em crianças assustadas, choramingando pelos cantos, flagelando-se destrutivamente, ameaçadas e sem controle. Além de todo o sofrimento acrescentamos a vergonha e a culpa por sermos ciumentos.
              Por mais detestável e doloroso que seja, o ciúme é também um acompanhamento inevitável do amor e um testemunho evidente de vitalidade. Ter ciúme é querer e, geralmente, é disposição para lutar pelo próprio amor. Como tal, torna-se muito mais perigoso quando elegantemente teimamos em negá-lo do que quando juntamos nossos cacos e nossa coragem para enfrentá-lo.
              O ciúme é uma emoção protetora, que nos põe em estado de alerta para defesa daquilo que mais prezamos. A dor funciona como uma luz de alerta dizendo para prestarmos mais atenção, tomar cuidado. Por isso a negação do ciúme, embora pareça uma atitude sensata, é arriscada e pode levar à alienação, à ansiedade e à tentativas disfarçadas de vingança.
             O ciúme conduz à acusação. Mas isso só faz colocar o outro na defensiva e leva a discussão a um impasse. Em geral, quando estamos com ciúme reagimos com gritos, choro, acusações, ou até mesmo agressões físicas. Muitos se calam e guardam um silêncio ressentido. Nesse contexto, não conseguiremos apresentar nossos sentimentos de forma clara e nem criamos um clima propício para discutir o assunto amigavelmente. A melhor forma de lidar com esse poderoso sentimento é nunca afirmar que o outro fez isso ou aquilo, mas falar de como a gente se sente diante da situação. Se conseguirmos admitir honestamente nosso ciúme, e falar de nossas ansiedades e fantasias de abandono, veremos que o sofrimento torna-se menos intenso ou até desaparece.
             Devemos deixar a superfície e descer às raízes, ao sentimento de desamparo. Agindo assim estaremos protegendo a relação e dando-lhe possibilidade de crescer e amadurecer.
            Às vezes uma infidelidade esconde um problema mais profundo da relação, ou acontece como expressão de raiva, ou por retaliação. Algumas relações até melhoram depois que uma traição é detectada e discutida.
          Com a entrada em cena de uma rival, algumas mulheres se encolhem, enquanto outras ficam tão tomadas pela disputa, que "vencer" se torna a questão principal. Essas reações estão ligadas à primeira luta amorosa. Procurar evidências, embora humilhante, é uma forma de não ficar sofrendo passivamente.
         Muitas vezes, a sexualidade desenfreada que atribuímos a nosso parceiro é apenas aquela que nós mesmos gostariamos de estar vivendo. O trauma de uma infidelidade pode levar o casal a reavaliar sua relação e analisar seus pontos de vista. Esta pode ser a forma encontrada por um dos dois para forçar essa confrontação.

Nicéas Romeo Zanchett